Jovens como força motora do desenvolvimento

Os jovens africanos: a força motora do nosso desenvolvimento sustentável, sustentado e inclusivo

Há algumas semanas tive a honra e o prazer de fazer o discurso de abertura no lançamento do MOZEFO Young Leaders diante de um público composto principalmente por jovens, mas também por representantes do governo e empresários.

Como manda o protocolo, comecei a minha intervenção agradecendo a participação de todas as pessoas presentes no evento. Mas também tive de lamentar que muitos outros convidados não tenham podido assistir. Não por falta de interesse ou predisposição, mas pelo simples facto de não terem recebido um convite oficial: um convite físico, em papel, com os carimbos e assinaturas correspondentes.

Este pequeno detalhe ajudou-me a perceber cabalmente os tempos contraditórios em que vivemos. Uma etapa de transformações e mudanças rápidas em que as formas tradicionais com que costumávamos comportar-nos ainda não caíram em desuso, enquanto que as novas, mais rápidas e eficientes, também ainda não criaram raízes no nosso dia-a-dia.

E também me ajudou a entender que o público ao qual eu me dirigia, isto é, os nossos jovens, são precisamente aqueles que estão mais preparados para se adaptar a esses tempos de mudança.

O dividendo demográfico. Oportunidade e desafio

São os nossos jovens que têm o maior potencial para aproveitar a gama de oportunidades que se abre graças às mudanças tecnológicas, transformações produtivas e inovações no mundo do trabalho que a Quarta Revolução Industrial traz consigo. É nos jovens que reside o nosso dividendo demográfico e a força motora do nosso desenvolvimento sustentável, sustentado e inclusivo.

Mas esse enorme potencial, para crescer, florescer e prosperar, requer nutrientes e condições favoráveis, que só podem existir se os jovens africanos tiverem oportunidades reais e concretas de participarem activamente na nossa vida económica num sentido amplo.

Digo isto porque, ao falar dos nossos jovens, é impossível negar que muitos deles vivem em condições extremadamente adversas e os desafios que enfrentam são muitos: emprego, educação, saúde, igualdade de oportunidades. Ter acesso ao mercado de trabalho, ter a possibilidade de se formar e construir uma carreira profissional sólida, ter a chance de criar o seu próprio emprego e estar aberto também a outras novas oportunidades, não é simples hoje para a maioria dos jovens moçambicanos e africanos.

Por isso, é fundamental promover mais e melhores programas de apoio ao empreendedorismo, à educação e à formação, para poder alinhar de forma mais adequada as aspirações dos jovens com a realidade do mercado de trabalho. Porque a juventude apresenta-se como o eixo vital da construção de Moçambique e de África, uma força activa que terá de utilizar o conhecimento como veículo principal na elaboração de soluções inovadoras e criativas para os nossos países.

O empreendedorismo e a participação dos jovens como respostas

Esse grande potencial que reside na juventude moçambicana está muito ligado ao empreendedorismo. O empreendedorismo converte-se num foco de atenção prioritário pelo muito que tem para contribuir para a empregabilidade da juventude, assim como para o dinamismo, crescimento e desenvolvimento do conjunto da economia.

O empreendedorismo está a demonstrar que é uma alternativa realmente eficaz ao desemprego e um meio para aceder ao mercado de trabalho. E também está provado que a prosperidade futura e o bem-estar social e económico de qualquer país dependem, entre outras coisas, da capacidade que demonstre para promover com êxito e sustentabilidade um espírito empresarial dinâmico que integre a inovação como um dos seus princípios fundamentais.

Assim, o nosso dividendo demográfico só poderá ser aproveitado se, como sociedade, nos dedicarmos à tarefa de resolver os desafios que os nossos jovens enfrentam diariamente, garantindo a sua participação activa nas nossas economias mas também escutando atentamente o que eles têm para dizer. E digo escutando porque ninguém melhor que nossos jovens para falar e reflectir sobre as barreiras que conhecem tão bem e os projectos concretos que anseiam por tornar realidade.

O MOZEFO Young Leaders nasceu em 2017 sob estas premissas e a próxima edição, que terá lugar a 28 e 29 deste mês de novembro de 2018, procura incluir todos os jovens como actores fundamentais do desenvolvimento sustentável, do empreendedorismo e da transformação tecnológica da região e do nosso país.

Porque podemos ter um país diferente e melhor e está nas mãos dos nossos jovens tornar isto uma realidade. Estou convencido de que não nos vão defraudar: não há ninguém melhor que eles para conquistar o futuro que, sem dúvidas, já lhes pertence.