Angel investing força motora empreendedorismo Africa

O Angel Investing como uma força motora dos novos negócios em África

As startups e o seu sucesso têm sido reconhecidos como factores centrais do crescimento económico e do desenvolvimento sustentável. Como já afirmei aqui antes, a prosperidade futura do nosso planeta dependerá em grande medida da nossa capacidade de promover com sucesso e de forma sustentável o empreendedorismo.

No entanto, os empreendedores não operam num ambiente isolado ou no vácuo. Para que floresçam é necessário um ecossistema empreendedor saudável em que uma gama de diferentes stakeholders (empreendedores, investidores, grandes empresas, governos, entre outros) desempenhe papéis-chave diferentes.

Neste sentido, de acordo com a Iniciativa Acelerando o Empreendedorismo na África, da Rede Omidyar, existem quatro aspectos críticos dos ecossistemas empreendedores:

  • Activos do empreendedorismo: financiamento, habilidades e talentos e infra-estrutura.
  • Apoio às empresas: programas governamentais e incubadoras.
  • Políticas Aceleradores: Legislação e encargos administrativos.
  • Motivações e mentalidade: Legitimidade, atitudes e cultura.

 

Uma série de questões urgentes e desafios derivam destes aspectos críticos, a saber:

  • As startups na África Subsaariana enfrentam enormes dificuldades em relação à angariação de financiamento.
  • As barreiras para o financiamento são exacerbadas por outros factores, como a falta de mão-de-obra qualificada e a infra-estrutura de qualidade;
  • Os empreendedores às vezes não contam com a experiência e visão de mercado e de negócios necessários para que as suas empresas tenham sucesso.

 

Eu gostaria de argumentar aqui que iniciar, expandir e formalizar redes locais de Angel Investing (ou Investimento-anjo) seria uma maneira estratégica de enfrentar muitos desses desafios. O Angel Investing tem-se tornado um conceito moderno, mas é, sem dúvida, uma fonte poderosa de combustível para a economia nacional e para o mercado laboral e um tipo de investimento que ajudaria a superar limitações relacionadas ao financiamento, às habilidades e talentos, à motivação, entre outras.

O que é Angel Investing?

Um investidor-anjo é um indivíduo que conta com um grande património líquido individual, geralmente com experiência em negócios, que investe directamente parte de seu próprio dinheiro ou activos em empreendimentos novos e em crescimento, em troca de uma participação accionista nos negócios.

Eles fazem esse tipo de investimento para obter um retorno do seu dinheiro, é claro, mas também para participar do processo empreendedor e, muitas vezes, como forma de retribuir às suas comunidades, sendo que muitos deles são ou foram empreendedores no passado.

Em muitos países, a principal fonte de financiamento externo de capital no estágio inicial ou embrionário dos empreendimentos é o investimento-anjo. Angel Investors e suas redes são, portanto, vitais para aumentar o financiamento de empreendimentos de pequena escala e desempenham um papel cada vez mais importante na economia dos países ao redor do mundo. Os países africanos não são excepção.

Angel Investing em África

O sector de investimento-anjo na África está a crescer e com este crescimento vem consigo a criação de grupos e redes de investidores anjo. De acordo com a Africa Business Angel Networks – ABAN, existem na actualidade mais de 60 Angel Networks em África. Alguns exemplos, como a Cairo Angels no Egito, a Lagos Angel Network da Nigéria e a Angel Africa List, dão conta das mudanças no mundo do Angel Investment nos países africanos.

Recentemente, participei, por exemplo, na 6ª Angel Fair Africa em Maputo, um evento que reuniu investidores e empreendedores de dentro e fora de África para fazer negócios, partilhar experiências e estabelecer redes. Até à sua 5ª edição, a Angel Fair Africa gerou investimentos estimados em 23 milhões de dólares norte-americanos em diversas empresas e startups, demonstrando a atractividade deste tipo de soluções geradas internamente no nosso continente.

Potencialidades do Angel Investing

Os investidores-anjos são, obviamente, uma fonte chave de financiamento, como foi bem estabelecido nas seções anteriores. No entanto, eles contribuem com muito mais do que dinheiro.

Os Anjos geralmente contam com conhecimento e o acesso a redes poderosas, activos intangíveis que partilham com os empreendedores que apoiam, sendo que muitos anjos costumam ocupar posições consultivas nas empresas nas quais investem.

O empreendedorismo como carreira ganhou mais aceitação e legitimidade em África nos últimos anos, mas muitas pessoas ainda entendem o empreendedorismo como um último meio de sobrevivência e não como uma busca de uma oportunidade ou aspiração. Os investidores-anjos que apoiam empresas novas e em crescimento ajudam a fortalecer e reforçar uma cultura empreendedora positiva, tão necessária para que novas empresas se formem e prosperem.

Uma rede de potenciais investidores e mentores, por sua vez, contribui para aumentar a auto-estima de empreendedores, motivando-os a assumir riscos. Ao longo do seu percurso, os empreendedores vão encontrar desafios e, para superá-los, deverão ser resilientes, persistentes, pacientes e ter a capacidade de acreditar nos seus próprios projectos e sonhos. O apoio de mentores e angel investors pode ajudar nesse sentido, apontando os caminhos para vencer as dificuldades.

Todas essas observações permitem entender como o Angel Investing se pode consolidar como uma estratégia chave para enfrentar alguns dos principais desafios enfrentados pelos empreendedores africanos no contexto actual. As sinergias e relações simbióticas entre grandes empresas, investidores e empreendedores é uma das formas mais adequadas para consolidarmos o nosso tecido empresarial. Na DHD Holding, em Moçambique e no resto de África, estamos ansiosos para apostar nos nossos empreendedores e startups, porque lá está a resposta para os dilemas do nosso desenvolvimento económico!